sábado, 3 de agosto de 2013


Hoje acordei inspirada, fui dormir inspirada, acho que nasci inspirada (demais). Por dias (na verdade tempo demais) penso sobre as pessoas mais ou menos, e cada vez tenho mais receio de que o meio termo seja tanto um perigo iminente como contagioso. Espero profundamente que seja uma virose passageira, como aquelas que as crianças contraem no verão, mas que são esquecidas no inverno... Mas o mundo (cada dia mais passivo) me convence de que a acomodação é um vírus social permanente e corrosivo, como um autismo eleito e adaptado. 

Caminhando em direção oposta de Hieráclito, onde tudo flui e nada fica como é, sentamos e esperamos no camarote que as coisas mudem... 


Que estejamos preparados para ver os tão queridos sinais de afeto, afetados pela indiferença, por favor, não sejamos tão mais ou menos, tão meio termo, tão tristes. Tenho medo de gente mais ou menos, gente que se comunica mais ou menos, que ama mais ou menos, que pensa mais ou menos, que controla seus impulsos a fim de parecer mais ou menos normal, gente que faz da hipocrisia seu escudo, para que a sociedade o julgue mais ou menos encaixado em seus padrões, gente que fala mais ou menos, gente que não liga, que não gosta, que não dança, que não se importa, ou que se importa, mais ou menos... Também tenho medo dos atiradores de elite, aqueles desesperados por atenção e dependência, cruzes, desses passo longe, mas não mais ou menos, longe sim, e isso é decisão (é mais, é fato). Vai Martha, vem Clarice: "Viver tem que ser perturbador, é preciso que os nossos sentidos sejam despertados! O que não faz você mover um músculo, o que não faz você estremecer, suar, desatinar, não merece ser parte da sua biografia!" Pelo amor de Deus mexa-se! De um longo mergulho de cima do muro das lamentações e corre para o abraço, a oportunidade perdida é desperdício de vida e de tempo! Não estou preocupada com os teus medos, a sociedade está se lixando para os teus anseios, ninguém, absolutamente ninguém vai bater a tua porta e oferecer-lhe a felicidade. É “mais ou menos isso”, e se você for um entendedor mais ou menos, observa que “a razão, seguindo o caminho indicado pelos sentimentos, tem asas curtas e falhas”.
Para hoje, em especial Émile Auguste Chartier:"A palavrinha 'farei' tem perdido impérios. O futuro só tem sentido na ponta da ferramenta." E Grita: (Pois se há o direito ao grito, EU GRITO) "Seja quente ou seja frio, não seja morno que eu te vomito!" (CL)