terça-feira, 4 de junho de 2013

Estou sentindo falta... E hoje tive vontade de escrever sobre o que me faz falta. Sobre o que também não vivo, por amarras soltas nesse mundo cada dia mais frio e covarde. Primeiro, sinto falta de um abraço, não aquele abraço frouxo, carregado de pressa, mas aquele abraço que te conforta, que por pelo menos 5 segundos te faz sentir quente e querida e por vezes, segura. Sinto falta de beijos, não daquele beijo desesperado, não daquele beijo triste e ansioso pelo que virá depois, mas daquele beijo demorado, com abrir e fechar de olhos, lento, doce. Sinto falta de olhares... Não aqueles olhares carregados de malícia, mas aquele olhar puro, sereno, aquele olhar que dispensa todas as palavras, todos os toques, todos os abraços e beijos. Sinto falta de mãos entrelaçadas, não aquelas mãos frias que carregam-te aleatoriamente para uma encruzilhada, mas mãos firmes e confiantes, mãos que permitem que seus olhos se fechem. Sinto falta de um papo, um bom papo, não aquele papo bobo, malicioso, cansativo, recheado de segundas intenções, mas um papo leve, tranquilo, um papo bom, com abraços, beijos ,olhares e mãos unidas. Sinto falta de carinho,  nada erótico não, mas aquele carinho leve, um dedilhar em toque, sem culpa, sem medo, sem querer... Sinto falta de gente, não dessa gente tola e vazia, mas de gente que saiba dar um abraço, fazer um carinho, beijar delicadamente e dar as mãos sem saber para onde vai te levar, mas que vai te levar com ela para onde for. Sinto falta de verdade, de sinceridade, de amor! Também sinto falta dos meus brinquedos, da época em que essas faltas todas não existiam, da época em que a única falta era na escola quando adoecia. Sinto falta de brincar de esconde-esconde e poder ser achada sem medo. Sinto falta de palavras tenras, de poder confiar, sinto falta de poder amar! Sinto falta de não precisar me proteger, de derrubar os muros, de escalar e me esfolar sabendo que tudo ia ficar bem, que todo machucado iria sarar. Com o tempo... E esse tempo não era angustiante, não era de todo ruim, era um tempo ocupado com valores e outras brincadeiras, as quais minha condição me permitia. Sinto falta de poder falar, sinto falta de poder sentir, de me permitir sentir falta de algo ou de alguém, dessa gente que é gente, dessa gente de verdade que o mundo engoliu, dessa gente que tem brilho nos olhos e coragem, dessa gente que dá oportunidade ao acaso, e da gente que faz do encontro marcado o acaso também. Sinto falta de dizer sim, ou de dizer não com propriedade, sem ter medo e arrependimento, sinto falta de mim, sinto falta de o que um dia essa gente foi e de quem eu queria tanto me permitir ser... Sinto falta de tudo o que não é, e sinto mais falta ainda do que nunca foi e do que nunca será. Sinto falta de poder me jogar e saber que alguém irá me segurar, sinto falta de coragem, sinto por tê-la guardado em algum lugar por sentir falta de acreditar... Sinto falta de vontade, e sinto por ser obrigada a oprimi-la, sinto falta de café da tarde e de risos soltos, sinto falta de poder ser como eu sou 100% do tempo e sinto falta de bom senso em quem não me aceita como eu sou. Sinto muito, sinto tanto...E não me permito sentir nada. Para onde foi toda a mágica? Quem a escondeu? Quem disse para recolhermos os brinquedos? Quem por diabos se intitulou egocentrista o bastante para falar por todos sobre o que não sentia falta? Para onde foi a verdade? Para onde foi a pureza? Para onde foram os abraços, os beijos, os carinhos e as mãos entrelaçadas? Quem souber me diga baixinho, porque este lugar há de ser o paraíso e lá, ouvi falar, não se sente falta de nada... Para onde foi toda aquela gente cheia de coragem e razões para se permitir? Para onde foram os sinos, para onde foram as letras das músicas? Para onde foi tua agitação, teu pulsar, para onde foi tanto barulho?  Para onde foi o luar? Por onde anda a tua vontade de amar?Pois se poder tivesse, assumiria esse posto e gritaria alto para meu povo que desligassem suas televisões, que saíssem de seus computadores, que derramassem lágrimas, que escrevessem uma carta, que fizessem de um encontro uma oportunidade. Sinto falta de quando a vida não era um passa tempo... Sinto falta disso e daquilo, mas talvez você não sinta... Talvez você simplesmente tenha endurecido junto com todo o sistema de coisas, de perdas, de prantos, de perdas e o que eu sinta não importe para você... Mas sinto falta de quando você era capaz de sentir... E sinto muito novamente, e sinto tanto, e sinto mais por não conseguires sentir o que eu sinto... E sinto por não dizer, por não abraçar, por não me permitir, por não beijar, por desviar o olhar, por ser tão igualmente hipócrita por medo de sentir... E sinto que sigamos assim, e sinto que vocês sigam assim, e sinceramente não sinto por onde piso. Não sinto por não dizer, porque por vezes, não sentir me permite adormecer. E viver no marasmo das possibilidades é tristemente mais confortável e seguro, mas ainda não sinto do que a gente se protege, é algo ruim? Se for me fala baixinho, pois quero sentir se vale a pena continuar sentindo, e sinceramente, espero que sim.